sábado, 31 de março de 2018

Dever e Justiça

Dever e Justiça

O que irei escrever - mesmo sendo óbvio e poucos lembrando - é uma obrigação, não um conselho ou crítica. Servirá para todos que desempenharão ou já desempenham uma função no Poder Judiciário; pode ser advogado, juiz, promotor, perito... Seja quem for, basta a possibilidade de atuação ou já estar efetivamente nesta área do saber.
A preocupação que se pretende colocar é o que deveria mover as pessoas que atuam no Judiciário, o que as estimula enquanto seres humanos.

Das virtudes, a Justiça é umas das principais. Sua exata definição é dar a cada um o que é seu, o que lhe é devido. Tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, na medida de sua desigualdade, sempre considerando o direito natural ou universal.
É para isso que estudamos, é para isso que trabalhamos e é o que buscamos! A função da Justiça é a busca pela harmonia universal, eis a nossa finalidade.

A lei não é a Justiça, o Poder Legislativo acompanhado do Poder Executivo não ditam a Justiça através de suas Leis. Uma sentença, uma petição inicial, uma reforma trabalhista, um novo Código de Processo Civil ou Penal, uma doutrina ou uma interpretação da lei, juntas, não são sinônimos de Justiça. Todos SERVEM à justiça, são MEIOS para que se alcance o Justo.
Se formos excluir esta finalidade, leis que permitem a escravidão, o pogrom, a segregação racial, o abuso dos governantes sob os governados e demais absurdos seriam legítimos! Os campos de concentração que ainda existem e todos os malefícios seriam "válidos". A harmonia não existiria mais e a sociedade padeceria, ficaríamos semelhantes à Coréia do Norte, Venezuela ou Cuba.

Devemos adaptar todas as Instituições, Órgãos e ensinamentos com base na Justiça. Mas o que fazer diante de eventuais irregularidades?!
Temos meios legais para resolver estes problemas. Os Remédios Constitucionais e o Controle de Constitucionalidade já podem servir de exemplo, porém, mesmo se estes meios não servirem, qual seria o melhor meio?
Antes de ousar alguma solução, é importante lembrar que devemos ter prudência quando utilizarmos esta opção. As instituições, por mais podres e falhas que eventualmente possam ser, devem ser conservadas e consertadas. A potencial resposta seria a de viabilizar transformações institucionais em suas estruturas administrativas. Se necessário, até através de eventuais desobediências. Ou como diria o consagrado Jurista Eduardo Juan Couture: Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça.

Para concluir, os que vivem no mundo jurídico devem se orientar com a finalidade descrita, lutar por ela e até mesmo por ela morrer.

Esta é a vida que viveremos e - é importante lembrar – a ascensão moral e intelectual do povo mais depende de nós, que operaremos o Direito, do que dos políticos. Estes últimos sentam em suas cadeiras em uma câmara, articulando sobre o que seria melhor para algo que eles não vivenciam, ou seja, nunca vão entender a dificuldades que os policiais, delegados, advogados, juízes e promotores e membros do Direito passam. 
Somos nós que lidamos com o problema face a face e é nossa obrigação realizar a finalidade do direito.





Artigo escrito por #MoisésAquino, articulista do Virando Jurista
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